Que bichinho é esse no seu ouvido?


Todo mundo que escreve ou cria algo enfrenta um grande inimigo: a autocensura ou autocrítica.

Achar que é besteira o que estamos escrevendo ou imaginando passa por dentro do processo de criar. 

Temos de desencavar ideias que as vezes vêm confusas, truncadas ou simplesmente em blocos que não se encaixam perfeitamente.

No entanto, a autocensura vai mais longe. Ela pode atingir todos os campos de nossas vidas. Por exemplo, quando queremos mudar alguma coisa em nosso jeito de nos comportar, ou fazer alguma nova atividade, a autocensura vem como castradora e como um impedimento para as mudanças saudáveis.

A autocensura está mais presente ainda quando decidimos criar algo novo. Aí ela vem e vai nos cortando, retalhando, eliminando nossos sonhos e imaginação. 

No momento em que partimos para o desafio de criar, também vem junto o 'bichinho' do "por que vou fazer isso?", "eu não preciso disso", ou ainda, "esse negócio de criar não é para mim".

Na verdade, em tempo de sociedade conectada em rede, temos visto cada vez mais casos de pessoas que saíram de suas mesmices e criaram uma nova vida, um novo trabalho, decidiram partir para a realização do que sempre quiseram, decidiram ser elas mesmas dentro de seus potenciais criativos.

Vou te contar um segredo que nada tem de segredo. Estudos e pesquisas já mostraram há décadas que a criatividade é muito mais uma questão de atitude do que de dote natural (de nascença). Quando digo atitude, refiro-me a comportamento, o modo como você encara o mundo, o seu dia-a-dia, como você se motiva para o novo, independente do que esteja a sua volta.

Não vou mentir: para criar é preciso coragem. As pessoas têm medo de quem pode provocar mudanças porque elas terão de acompanhar as mudanças e sair do seu status quo. Terão de 'se mexer' e se adaptar ao novo. Isso assusta as pessoas e você será constantemente desincentivado.

No entanto, a diferença está em acreditar que podemos fazer a diferença, podemos ser relevantes e lutar por um mundo de mais qualidade para cada vez mais pessoas! E isso pode estar dentro de sua cabeça, como uma fonte de inspiração geradora de idéias, que se tornarão ações e, por conseguinte, inovações.

Uma técnica que tenho usado para aliviar minha autocrítica ferrenha é ficar repetindo para mim mesmo: 'ainda não está acabado, deixa eu continuar pra ver como é que vai ficar'! 

Muitas vezes as pessoas riem e zombam de suas ideias. Sim, toda vez que ousamos, temos de combater nosso medo da crítica externa e do nosso próprio sentimento de culpa. Normal.

Mas não vou parar. Esse texto vai sair sim! Não adianta! Pronto, dei meu recado.


O poder criador da mente

No livro que encontrei ontem em um sebo, chamado "O poder criador da mente", de Alex Osborn , um livro antigo, sim, mas bem interessante, pude entender melhor como funciona a questão do julgamento que impomos sobre nós mesmos. Ele é importante e tem sua função no ato de criar. É ele, o julgamento, que vez por outra tem de verificar se estamos indo por um caminho promissor ou estamos nos perdendo ou até 'viajando' demais.

Osborn diz que nosso pensamento tem dois aspectos principais:

1) o espírito judicioso: "que analisa , compara, escolhe";
2) o espírito criador: "que figura, prevê e gera ideias".

Os dois são complementares, segundo o autor:

"O julgamento contribui para conservar a imaginação na pista e a imaginação pode contribuir para esclarecer o julgamento".

O espírito judicioso "decompõe os fatos, compara-os, rejeita alguns, conserva outros - e afinal reúne os elementos restantes para chegar a uma conclusão".

Já o espírito criador, embora trabalhe de maneira bastante semelhante com relação aos julgamentos, apresenta seu produto final em forma de ideias.

Portanto, se por um lado o julgamento prende-se aos fatos para ir dando forma à criação, por outro lado a imaginação lança-se ao desconhecido, ao inexplorado, abrindo novos caminhos inesperados.

Então, quando o bichinho da autocrítica começar a zunir no seu ouvido, mande ele ficar quieto por um tempo. Diga a ele que vai ter o seu momento de cortar, formatar e dar forma a tudo o que a sua imaginação esticou ao máximo!


Citações:

O poder criador da mente - Alex F. Osborn - Ibrasa, Rio de Janeiro, 1972 (Título original: Appliad Imagination , 1953)
(pg.26)

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