Não mate: crie


'Passarada'
José Augusto Silveira
Esferográfica sobre Canson
Se você está em meio a uma luta para conseguir expressar seu brilhantismo e construir uma atividade criativa, seja ela na pintura, escrever um livro, abrir um blog (!!!), fazer um aplicativo para celular, um novo tipo de negócio, qualquer coisa, espere muitas críticas e pouco apoio.

Afirmo que isso nada tem de ver com pessimismo. Apenas observação 
própria. Embora possa parecer um desincentivo, o que estou dizendo é exatamente o contrário: mantenha-se firme, confiante e siga seus instintos criativos.

Estive recentemente em um sarau de poesias e alguém citou essa brilhante frase do teólogo, filósofo, educador, escritor e psicanalista, Rubem Alves:

"Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas". (*)


A citação é muito boa e como toda citação exemplar, fala por si mesma. 


Digo para você: evite abandonar sua realização criativa.


Voar é para quem acredita que pode voar



'Passarada 2'
José Augusto Silveira
Esferográfica sobre Canson
Pense bem: toda criança gosta de criar e depois, a medida que os anos passam, vai ficando cada vez mais 'engaiolada', mais conformada, mais formatada segundo os padrões que querem para a gente na família e nas instituições sociais.

Note que a sociedade tem a tendência de nos fazer parecer pecadores ou culpados por começarmos a ficar em evidência quando lutamos para expressar nossa autêntica criatividade.

Muitas vezes, as primeiras palavras de censura partem das pessoas mais próximas a você, sua família. Para uma criança ou adolescente, muitas vezes, umas poucas palavras ou expressões usadas corriqueiramente dentro da família são suficientes para desinflar o estado de inspiração ou a vontade de tentar algo novo.

Como resultado, encontramos muitos adultos vivendo vidas convencionais como diz a escritora Mary-Elaine Jacobsen, em seu livro A Gifted Adult. Mary-Elaine diz que por muito tempo levou sua vida acreditando que estava feliz, mas no fundo, naqueles momentos de solidão, sentia um vazio profundo. Decidiu, então, dar vida ao que a inspirava e foi começando a mudar sua vida até chegar a escritora.

Fiquei pensando, por exemplo, em quando estamos numa fila de supermercado. Normalmente, ficamos num estado letárgico de espera, paciente ou não, mas de qualquer forma enfileirados como gado. Naquele momento, sentimo-nos presos a uma circunstância e por mais que digitemos no celular ou até façamos palavras-cruzadas, na melhor das hipóteses, estamos no controle remoto.

Então, quando saímos da fila damos prosseguimento a nossa vida. E assim por diante, vamos nos envolvendo tarefa a tarefa até o dia acabar.

As perguntas, então, que não querem se calar: 


- Qual a diferença de quando você estava na fila do supermercado e depois no seu dia-a-dia? Você deixou de ser gado? 

- Você se inspirou, dedicou-se a alguma atividade criativa que está buscando? 

- Em síntese, viu pequenas inspirações nas coisas do seu cotidiano que podem se transformar em novas ideias?

- Ou você sucumbiu às pressões externas (e internas de culpa) e passou a se ocupar com 'o que realmente importa', as contas a pagar, etc, e caiu na armadilha do 'tenho de cuidar da realidade' ?


Sorvetes de imaginação para você se deliciar



'Pássaros Negros'
José Augusto Silveira
Esferográfica sobre Canson
Paixões criativas demandam entrega, envolvimento, coragem para desafiar o padrão em que as pessoas vivem e se prendem como se isso fosse o certo a fazer, o seguro.

A escolha é sua. A única coisa a que a criação não se enquadra é na segurança. Você vai trilhar novos caminhos, insegurança, dúvidas, até a angústia (componente importante do processo criativo) de quem busca algo novo para si ou para o mundo.

Uma técnica que uso é tentar captar pequenos detalhes que observo durante o dia, mesmo quando estou realizando tarefas rotineiras, deixá-los guardados em suspenso na memória que trabalha oculta por trás de tudo o que fazemos e, no fim do dia, ou no momento apropriado para a criação, trazê-las a tona ou parte do que consigo relembrar, colocando-as lado a lado.

Depois disso, através de um processo de combinação, vejo que elas podem fazer um sentido juntas, como que contando uma estória do meu dia, gerando ideias para que possa escrever um novo post como esse ou ter uma ideia para uma nova peça de comunicação para os projetos que esteja desenvolvendo.

Ficam sugestões, inspirações. Ideias, geleias, sorvetes de imaginação para você se deliciar. Afinal, o que temos de mais valioso é o que está corporificado em nós pelo que somos, experienciamos, e de tudo o que já brincamos!

Agora é pique-esconde e é 
você que tem de achar o que procura!


(*) Citação completa de Rubem Alves.


As imagens são do pintor José Augusto Silveira, meu parceiro no blog do IIAN (Instituto Internacional de Arte Naif). 
Seu perfil completo está no link: IIAN - Silveira.

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